terça-feira, dezembro 25

essa noite feliz
ecoando pela casa vazia
é refúgio às memórias
que não cessam em mim

domingo, dezembro 16

estive calada
gestando cores
que eternas sumiram
ante os olhos teus

quarta-feira, maio 2

menina, eu catava conchinhas na beira da praia
e delas fazia cirandas pros dias ensolarados
quando as nuvens esqueciam de vir
e o céu de tão azul parecia caber

nos meus sonhos ainda vicejantes.

domingo, abril 8

amanhecia
amor que o sol outrora soubera
e no céu de brancas nuvens eu era
a mulher que um dia seria

segunda-feira, março 19

descobri no adeus
céus destelhados
e neles colori
ramalhetes de estrelas

quarta-feira, janeiro 31

estive nua
e você não viu
escolheu não saber
que eu joguei ao acaso
todos os erros, os acertos, as mentiras
até mesmo a esperança
pra ser teu o meu amor
sem importar-me com o tempo
no teu rosto escrito em marcas
porque no meu ainda era breve
como se soubesse desse amanhã
agora estrangulado em minhas mãos
aprendizes de outros caminhos
menos sós, sem você.

sexta-feira, janeiro 12

exponho o nervo
a fibra muscular
a quietude dos ossos -
falta pouco para ficar nua
e rumar outros caminhos
distantes e calorosos, todos
por onde não encontrarei
teus demônios insones e cegos:
só os meus
só os meus

terça-feira, janeiro 2

estranhos
era o que parecíamos
com piadinhas imbecis
temperando relatos dum cotidiano
impregnado de nós dois.

estranhos
foi o que fizemos conosco
ilustrados por cores frias
sobrevivendo a mais um ano
sem nada de novo.