quarta-feira, agosto 30

banco de praça
VAZIA
caderno nas mãos
SEM PALAVRAS
distantes memórias
ENRAÍZADAS

(eu saberia de ti cada mínimo instante
eu caberia em ti cada mísero centímetro
eu sonharia a ti meus anjos irascíveis
eu amaria você até
o próximo sol poente
nascedouro de estrelas
paridoras de auroras)

segunda-feira, agosto 28

Na mingua
De sentimentos
Estamos trancados
No lado de fora do medo
São-nos poucos os momentos
Preservando o anteceder desse fim
Chacoalhando-me a singela lembrança tua
Sussurrando que para sempre cuidaria de mim

sexta-feira, agosto 25

sol poente
é apenas um traço preciso
carente do oceano

estrelas são fagulhas
num céu desprovido
de cores vivas

e da poesia que me alimenta
nada resta sob minhas pálpebras
já cansadas de te esperar

terça-feira, agosto 22

vários por aqui passaram
já nem sei dos gostos
já nem sei dos humores
já nem sei das camas desfeitas
só o que tenho são fotos desorganizadas

(fotos não guardam o presente
mas impedem a partida do que não mais está)

tudo de nós ficou rabiscado na memória
como quem cantarola baixinho
distraidamente uma canção
em frágeis tons de fim de dia
mais triste que a mais triste das solitárias

(é o que restou nas minhas linhas

que um dia foram escritas só pra você)

sábado, agosto 19

meus dedos sem sono
recusam palavras
foge-me à força
de ti a esperança
trazendo imagens
que eu nunca quis

(já é fim de tarde
da sacada do quarto
vejo o céu desbotando
o azul das estrelas)

tudo o que aprendi
o que senti e o que menti
de nada mais importa
quando calo as páginas
desse pouco amor
que estagnou aqui

quinta-feira, agosto 17

(eu precisava saber
mesmo que fosse para nunca mais)
dos teus olhos, os sonhos meus
dos teus braços, o que me fazia ninar
da tua boca, a esperança dos sorrisos
das tuas mãos, o adeus
(para que restassem apenas lembranças

e não essa solidão desejosa de ti)

segunda-feira, agosto 14

Saiba: eu realmente amo você! E é nas coisas mais simples, naquilo que quase ninguém vê, que o meu amor se faz sem limites. Sinto a sua ausência, pois o teu olhar, a tua voz, a forma com que mexes as mãos ou o teu sorriso que de tão feliz, brilha; tudo, tudo em ti a mim traz alegria. Sim, eu fico contente quando comigo estás. És quem eu amo! E ninguém jamais poderá roubar de mim o amor que sinto por você.
Por mais que todos digam que somos loucos, que somos tolos...Amo você! É por isso que sinto tanta tristeza: por amar você! Porque amar você foi-me proibido. Porque amar só é permitido quando segue regras. Que se danem todas as regras! Porque amar só é possível quando ouve-se a razão. Dane-se toda a razão!
Amar é saber-se junto, independente de onde estejamos. Amar é saber-se com; é saber-se em; é saber-se até; é saber-se um.
Amar não está escrito em bulas, ou livros, ou manchetes. Amar sequer precisa de multidões(amar era pra ser vivido por todos, sem atropelos)
Amar você, é o que preciso. Amar você, é o que me falta.
Hoje, quando senti você partindo, descobri o peso do vazio. Hoje, quando soube que você desistira, porque o mundo foi maior que eu, eu soube o real sentido da tristeza: o que fica, o que nunca partirá, mas que não mais poderá ser vivido, senão em memórias, sonhos e poesia.
Amo você, e mesmo na minha tristeza, sou feliz...
Amo você. Amo você. Amo você.
E como eu queria...como eu queria que você, por um momento, deixasse o mundo inteiro e segurasse as minhas mãos...
Quão infinito haveria de ser...

domingo, agosto 13

o homem que eu amo
sorria manhãs
conhecia os segredos
das minhas noites
de solidão e medo

o homem que eu amo
carinhava meu rosto
cantava pequenas canções
que me faziam sonhar
levando a insegurança daqui

o homem que eu amo
tinha os olhos castanhos
as mãos serenas e firmes
a boca molhada de nuvens
os pés descalços de mar

o homem que eu amo
escutaria meus soluços
abraçaria meus anjos da guarda
e não deixaria a tristeza
saber mais nada de mim

quinta-feira, agosto 10

estive diante do espelho
e os olhos que vi
já não eram mais os teus

por demais cansada
perdida em mim mesma
alcancei o que me fez poesia

e eu só queria
mais um instante
pequeno que fosse
e eu seria tua
outra vez
nem que somente
por mais esse dia...

terça-feira, agosto 8

é desdém
o que jogas no meu rosto
como se eu fosse

ninguém

mas eu amo você

eu amo você

eu amo você

sexta-feira, agosto 4

diminuo-me em mim
o espaço antes
desocupado
agora é teu




teu

quinta-feira, agosto 3

Hoje, acordei sem querer acordar. Era saudade displicentemente acomodada ao lado do meu travesseiro: minha cama, vazia sem ti. Sim, eu sei, todos dirão que isso é a mais pura bobagem e que eu não passo de alguém a sonhar. Mas, o que fazer se desde cedo sonhos me acompanham e, mesmo quando a mim deixam só, posso sentir marcas como que dizendo: acredite, é possível ser feliz. Hoje, percebi que sobrevivo sem você. Eu sobrevivo sem você, escutou? Eu sobrevivo! No entanto, sobreviver está bem longe de ser vida. É que a vida exige mais cores. E flores. Dores também; não eternamente, que é para ensinar de nós a nós mesmos. Então, levantei da cama e corri ao telefone pra dizer todas as palavras que na minha garganta estavam prontas, loucas para sair. Você não atendeu. E a música a tocar era uma daquelas, poucas, que sabem dizer exatamente o que é sofreguidão - e amor. Procurei meu caderno. Escrevi letras mortas. Saí descalça, fui visitar o jardim. Soube do sol uma centelha: mesmo que para nunca mais, é bom, é muito bom amar você!

quarta-feira, agosto 2

guardo minha mágoas
erros
medos
desejos
cicatrizes
meu desespero

naquela gaveta

que você fechou
ao partir
sem dizer adeus

terça-feira, agosto 1

amanheci jardim
teu cheiro em mim
criando raiz