terça-feira, outubro 31

a janela aberta,
céu
palavras respirando outros amanhãs,
poesia
para que eu possa nuvem,
desmedida
azular o outono,
esperança
deixando a falta que sinto de ti,
amor
nas gavetas empoeiradas,
esquecimento

terça-feira, outubro 17

acreditei que se
eu escolhesse bem as cores
faria desse quarto um lugar
menos habitado de mim
menos saudoso de ti
mais isento de nós
...

terça-feira, outubro 10

as roupas despidas de mim
espalhadas pelo chão frio
desse quarto mal iluminado
ruminam sinais de nós dois
feito cicatrizes incolores
vez por outra a visitarem-me
no vazio que eu inventei
agarrada ao refugo da lucidez
para ser absurdamente possível
travestir-me de alegria
onde alegria não há

sexta-feira, outubro 6

a insegurança estava
emaranhada dentro de mim
e tinha dedos magros e longos
que apertavam meu pescoço
com a força exata para não deixar marcas
apenas sufocar lentamente
o amor que julguei não morreria
mas vi tropeçar em si mesmo
(ou no que acreditávamos sê-lo)
segundo após segundo
numa cadência monossilábica
até não haver mais nada
apenas ciúmes, brigas e cenas patéticas
naquilo que resolvemos chamar de fim