quinta-feira, setembro 28

eu sei
é apenas uma madrugada
entre tantas e tantas
que ainda virão
só não precisava ser assim
tão estrangulada
pelo amor que em nós
desistiu antes de saber
pra tudo haver um fim

sábado, setembro 23

o hábito simula felicidade
era o que eu descobria
ao cravar meus dedos
nos sorrisos que o nosso
mundo infestava
e já não mais suportava
a minha presença conosco
mas era preciso
continuar fingindo
para que a vida
seguisse seu rumo
assim mesmo,
amarelecida

sábado, setembro 16

a cada toque seu, eu dizia
não, nós perdemos a medida
e o nunca se tornou longe demais
mas insistias em acreditar nos finais felizes
sem ver a felicidade escapulir diante dos nossos olhos
fingindo não saber que dia após dia
nos era insuportável
disfarçar a incapacidade de percebermos
os cheiros misturados
de nós dois

(um mundo de cheiros imperceptíveis
é um mundo onde cores
desocupam as retinas e a vida fica vaga)


covarde
patético
frágil
indeciso
o homem que eu amo
em mim
morrendo no avesso solitário
de quem fomos

sexta-feira, setembro 8

ontem
eu soube de ti
já não tinhas mais
o teu caderno de poesias
nem desenhavas andorinhas
saudando as cores da primavera
era fim de tarde e o sol parecia cansado
eu te vi de relance a caminhar por uma ruela
quis teu nome de volta à minha garganta vazia de sons

só o que tive foi a certeza de trilhar sozinha o nosso caminho