sábado, setembro 16

a cada toque seu, eu dizia
não, nós perdemos a medida
e o nunca se tornou longe demais
mas insistias em acreditar nos finais felizes
sem ver a felicidade escapulir diante dos nossos olhos
fingindo não saber que dia após dia
nos era insuportável
disfarçar a incapacidade de percebermos
os cheiros misturados
de nós dois

(um mundo de cheiros imperceptíveis
é um mundo onde cores
desocupam as retinas e a vida fica vaga)


covarde
patético
frágil
indeciso
o homem que eu amo
em mim
morrendo no avesso solitário
de quem fomos

6 comentários:

Keila Sgobi de Barros disse...

Sabe,
costumam ser surdos também...hehe

beijos!

Claudio Eugenio Luz disse...

Quando algo se rompe, todos os sentidos se afastam.Muito bem dito.

hábeijos

mg6es disse...

que final, que fecho! qta beleza na dor! me senti num mergulho qd entrei no teu poema.

encantador!

bjo.

Luana disse...

Incrível como o meu coração entendeu o que você soube perfeitamente dizer...

Beijinhos...
:)

Dreamer disse...

Cheiros e cores sao que nos lembram das reticencias no rodapé das historias, que teimam em nao ter ponto final.

Rayanne disse...

Porque achei que ia ficar mais bonito perto de você:

"Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."
(Vinícius de Moraes)

**Uma estrelas**